do compositor e militante comunista
Fernando Lopes-Graça <br>– Notas contra a exploração
Suplemento «No centenário do nascimento de Fernando Lopes-Graça»
Corre o ano de 1906 quando, a 17 de Dezembro, nasce em Tomar Fernando Lopes-Graça. É na cidade ribatejana que Lopes-Graça inicia os estudos musicais, aos 11 anos, mas seis anos passados muda-se para Lisboa onde ingressa no Curso Superior de Piano do Conservatório Nacional, instituição que viria a frequentar entre 1924 e 1931.
Paralelamente, inscreve-se no Curso Complementar de Letras do Liceu Passos Manuel e, posteriormente, reparte o tempo dedicado à licenciatura em Letras entre as Universidades de Lisboa e Coimbra. O saber não ocupa lugar e em Lopes-Graça a expressão colhe fundo vida fora.
A vontade de transmitir os conhecimentos que, digeridos, reflectidos, ponderados, já fervilham ansiosos para serem comunicados, levam Lopes-Graça a fundar duas publicações: em Tomar surge o jornal «A Acção» e na capital a revista «De Música», um e outro com um cunho político já então bem vincado.
O golpe militar de 28 de Maio de 1926, que impõe o fascismo em Portugal, ocorre tem o jovem aluno 19 anos. Desde as primeiras horas, Lopes-Graça manifesta-se contra a instauração da ditadura, repudia a tacanhez reaccionária que o novo regime político procura incutir na vida nacional. Rejeita um panorama cultural castrado da liberdade de criação e defende as novas correntes artísticas portadoras de lufadas de ar fresco e denunciadoras do poder que se instala, consciente de que, com esta postura, dava um contributo valioso na batalha mais ampla contra o fascismo e as ideias das classes dominantes que se instituem, mas não pacificamente.
Em 1927 apresenta a sua primeira obra, «Variações sobre um tema popular português», composição formalmente inovadora que revela o apego do criador musical ao povo e às suas raízes e associa a sua opção estética e artística aos compromissos políticos e ideológicos que vai amadurecendo com a experiência.
A prisão e o exílio
As profundas convicções antifascistas e a prática consequente valem a Lopes-Graça a antipatia do autodenominado Estado Novo. Em 1931 classifica-se com a mais alta distinção no concurso para professor de Solfejo e Piano do Conservatório Nacional, mas a prova brilhante não é tida em conta pela polícia política que, no mesmo dia, prende o maestro nos curros do Aljube e, em seguida, envia-o para o desterro na vila de Alpiarça. A máquina da ditadura proíbe-o de dar aulas em qualquer estabelecimento público acusando-o de actividades subversivas e de contacto com organizações comunistas enquanto director do periódico local «A Acção».
No ano seguinte começa a dar aulas na Academia de Música de Coimbra. A vivência na cidade mantém e consolida em Lopes-Graça a opção política pelos valores da liberdade, da justiça e do progresso social, por isso, quando em 1934 ganha um concurso para uma bolsa de estudo em Paris, o fascismo manda anular a decisão do júri. Em Setembro de 1935 volta a ser encarcerado, desta vez em Caxias, de onde só voltaria a sair em Maio de 1937, rumo ao exílio.
Na capital francesa, Lopes-Graça inscreve-se no curso de Musicologia da Sorbone, colabora com o governo eleito pelas listas da Frente Popular ensinando nas Casas da Cultura, participa em iniciativas do Partido Comunista Francês e, com a chegada da guerra, troca a batuta pelas armas e alista-se nas fileiras do Corpo de Amigos da República Francesa. Escreve e compõem a grande ritmo na «cidade luz» inspirado pelo clima político envolvente. A recusa da cidadania gaulesa obriga-o a regressar a Portugal. Pouco importa o lugar, a resistência continua, e neste momento isso é tudo o que realmente importa.
Sempre em luta até Abril
De volta ao solo pátrio, Lopes-Graça dedica-se ao ensino na Academia de Amadores de Música, actividade que não esgota a sua capacidade de trabalho nem esmorece a sua determinação e combatividade. Escreve crónicas musicais na «Seara Nova» e no «Diabo», publicações onde também se encontram textos de destacados quadros do Partido; participa em iniciativas onde a organização comunista dá passos em frente, em Alhandra e Vila Franca, por exemplo; dinamiza concertos corais e promove o ensino colectivo da música; organiza, com Bento de Jesus Caraça, a Biblioteca Cosmos, na qual divulga a sua «Introdução à Música Moderna».
Tem os olhos postos no futuro, acredita na transformação da sociedade e no fim da exploração e, como tal, elabora um plano de organização estatal da música, ensaio que, apesar de ter sido escrito em 1945, só viria a ser do conhecimento público em 1989.
Em 1940 recebe o primeiro prémio do Círculo de Cultura Musical, galardão que repete dois anos depois. Ainda em 1940, é convidado a dirigir os Serviços de Música da Emissora Nacional. Para tal tem que assinar a célebre declaração de «repúdio activo do comunismo e de todas as ideias subversivas» que o fascismo impunha aos que queriam seguir a carreira de funcionário público, mas Lopes-Graça recusa-se terminantemente a subscrever o documento. Em consequência da sua verticalidade de convicções nem sequer chega tomar posse do cargo para o qual havia sido convidado.
O fim da II Grande Guerra Mundial, as greves e lutas que abalavam o fascismo em Portugal revigoram a esperança do povo no derrube da ditadura. Em 1945 surge o Movimento de Unidade Democrática (MUD) e Lopes-Graça figura entre os membros da sua direcção.
O MUD é o pretexto para fundar o Coro do Grupo Dramático Lisbonense, embrião do que mais tarde viria a ser o Coro da Academia de Amadores de Música. Através do grupo leva a todo o País as Canções Heróicas, composições que elabora na base de poemas de conhecidos autores portugueses. Em volta delas une-se o povo animado com a luta. Em torno do MUD e da sua capacidade político-cultural, legal e semi-legal, reúnem-se círculos de trabalhadores, estudantes e intelectuais. O Movimento lança sementes que frutificam e perduram por toda a década de 50, mesmo no quadro do recrudescimento da repressão.
As Heróicas são hinos à insubmissão e por isso proibidas pelo fascismo. O seu obreiro e percursor volta a ser alvo particular da fúria da ditadura. Ao compositor e já militante comunista são retirados, em meados dos anos 50, os direitos de autor, o diploma de professor do Ensino Particular e a possibilidade de ensinar e frequentar a Academia de Amadores de Música. As suas composições são censuradas do repertório das orquestras nacionais. O regime não permite, não tolera qualquer espécie de acorde dissonante da linha oficial e as obras de Lopes-Graça não se enquadram no espírito do fascismo português. Outros farão carreira nesse trilho.
Da sua obra consta uma vasta gama de composições, entre as quais se destacam as harmonizações de canções tradicionais portuguesas. A salvaguarda do património cultural e de transformação cerzido por gerações de trabalhadores está no topo das preocupações de Lopes-Graça quando pesquisa e labuta sobre a música tradicional e a canção popular portuguesa, quando foca a sua atenção sobre as melopeias entoadas colectivamente nos campos ainda pejados de assalariados rurais votados à miséria pelo sistema vigente.
O contacto com o etnomusicólogo Michel Giacometti, em finais da década de 50, inicia uma relação que perdurará no tempo. Ambos rejeitam a «folcorização» da cultura popular portuguesa modelada a gosto do Secretariado Nacional de Informação fascista. Juntos percorrem a raiz da música popular e tradicional. Região atrás de região, comunidade a comunidade desvendam os seus mistérios e segredos, descodificam e explicam as respectivas fundações, tornam-na inteligível, indicam o objecto de estudo e fruição e, simultaneamente, de consciência, não de alienação. Em 1960 editam o primeiro volume da colecção «Antologia da Música Regional Portuguesa». Em 1981, 21 anos depois, já em liberdade, está nas bancas o «Cancioneiro Popular Português».
Da revolução à memória
A revolução de Abril de 1974, a conquista da liberdade política, económica, social e cultural, a construção de uma sociedade nova liberta da opressão capitalista movem o empenho de Lopes-Graça.
No decurso do período revolucionário dá o melhor de si mesmo assumindo a conduta exigida a um militante comunista no calor da luta: juntar mais um braço. É presença notada na Festa do Avante! desde a sua primeira edição, visita com o Coro da Academia de Amadores de Música os campos onde quem trabalha já é dono dos frutos que deita à terra. Apoia energicamente a Reforma Agrária e a participação dos trabalhadores na condução de um destino do qual se sentem soberanos.
Nas colectividades, nas manifestações, nos comícios e iniciativas promovidas pelo PCP, onde for preciso, Lopes-Graça leva a música que é a voz e a expressão da vontade de um povo inteiro. Quando a contra-revolução ganha força e se volta a apossar do poder, Lopes-Graça não se resigna e defende Abril e as suas conquistas.
Prossegue o seu trabalho sobre a música popular portuguesa, realiza concertos e elabora composições das quais se destacam o «Requiem para as vítimas do fascismo em Portugal», as «Sete predicações de “Os Lusíadas”», o bailado «Dançares» ou a peça composta por ocasião do 80.º aniversário de Álvaro Cunhal.
A última intervenção pública do maestro Fernando Lopes-Graça sintetiza bem o compromisso de uma vida e os valores firmes que a nortearam. Militante comunista durante quase meio século, quadro consciente e dedicado nos bons momentos e nos momentos menos bons do Partido e da luta onde sempre militou confiante, Lopes-Graça apresenta, no Centro de Trabalho Vitória, em 1994, em primeira audição absoluta uma peça para piano intitulada «Preito à Memória de Francisco Miguel, uma vida heróica», trabalho através do qual homenageia os «nossos queridos mortos» e saúda quem combate e resiste, quem infatigavelmente transporta a chama viva de uma sociedade com futuro, uma sociedade sem classes. É o reconhecimento de todos os que, como o próprio compositor, persistem em afinar notas contra a exploração.
Paralelamente, inscreve-se no Curso Complementar de Letras do Liceu Passos Manuel e, posteriormente, reparte o tempo dedicado à licenciatura em Letras entre as Universidades de Lisboa e Coimbra. O saber não ocupa lugar e em Lopes-Graça a expressão colhe fundo vida fora.
A vontade de transmitir os conhecimentos que, digeridos, reflectidos, ponderados, já fervilham ansiosos para serem comunicados, levam Lopes-Graça a fundar duas publicações: em Tomar surge o jornal «A Acção» e na capital a revista «De Música», um e outro com um cunho político já então bem vincado.
O golpe militar de 28 de Maio de 1926, que impõe o fascismo em Portugal, ocorre tem o jovem aluno 19 anos. Desde as primeiras horas, Lopes-Graça manifesta-se contra a instauração da ditadura, repudia a tacanhez reaccionária que o novo regime político procura incutir na vida nacional. Rejeita um panorama cultural castrado da liberdade de criação e defende as novas correntes artísticas portadoras de lufadas de ar fresco e denunciadoras do poder que se instala, consciente de que, com esta postura, dava um contributo valioso na batalha mais ampla contra o fascismo e as ideias das classes dominantes que se instituem, mas não pacificamente.
Em 1927 apresenta a sua primeira obra, «Variações sobre um tema popular português», composição formalmente inovadora que revela o apego do criador musical ao povo e às suas raízes e associa a sua opção estética e artística aos compromissos políticos e ideológicos que vai amadurecendo com a experiência.
A prisão e o exílio
As profundas convicções antifascistas e a prática consequente valem a Lopes-Graça a antipatia do autodenominado Estado Novo. Em 1931 classifica-se com a mais alta distinção no concurso para professor de Solfejo e Piano do Conservatório Nacional, mas a prova brilhante não é tida em conta pela polícia política que, no mesmo dia, prende o maestro nos curros do Aljube e, em seguida, envia-o para o desterro na vila de Alpiarça. A máquina da ditadura proíbe-o de dar aulas em qualquer estabelecimento público acusando-o de actividades subversivas e de contacto com organizações comunistas enquanto director do periódico local «A Acção».
No ano seguinte começa a dar aulas na Academia de Música de Coimbra. A vivência na cidade mantém e consolida em Lopes-Graça a opção política pelos valores da liberdade, da justiça e do progresso social, por isso, quando em 1934 ganha um concurso para uma bolsa de estudo em Paris, o fascismo manda anular a decisão do júri. Em Setembro de 1935 volta a ser encarcerado, desta vez em Caxias, de onde só voltaria a sair em Maio de 1937, rumo ao exílio.
Na capital francesa, Lopes-Graça inscreve-se no curso de Musicologia da Sorbone, colabora com o governo eleito pelas listas da Frente Popular ensinando nas Casas da Cultura, participa em iniciativas do Partido Comunista Francês e, com a chegada da guerra, troca a batuta pelas armas e alista-se nas fileiras do Corpo de Amigos da República Francesa. Escreve e compõem a grande ritmo na «cidade luz» inspirado pelo clima político envolvente. A recusa da cidadania gaulesa obriga-o a regressar a Portugal. Pouco importa o lugar, a resistência continua, e neste momento isso é tudo o que realmente importa.
Sempre em luta até Abril
De volta ao solo pátrio, Lopes-Graça dedica-se ao ensino na Academia de Amadores de Música, actividade que não esgota a sua capacidade de trabalho nem esmorece a sua determinação e combatividade. Escreve crónicas musicais na «Seara Nova» e no «Diabo», publicações onde também se encontram textos de destacados quadros do Partido; participa em iniciativas onde a organização comunista dá passos em frente, em Alhandra e Vila Franca, por exemplo; dinamiza concertos corais e promove o ensino colectivo da música; organiza, com Bento de Jesus Caraça, a Biblioteca Cosmos, na qual divulga a sua «Introdução à Música Moderna».
Tem os olhos postos no futuro, acredita na transformação da sociedade e no fim da exploração e, como tal, elabora um plano de organização estatal da música, ensaio que, apesar de ter sido escrito em 1945, só viria a ser do conhecimento público em 1989.
Em 1940 recebe o primeiro prémio do Círculo de Cultura Musical, galardão que repete dois anos depois. Ainda em 1940, é convidado a dirigir os Serviços de Música da Emissora Nacional. Para tal tem que assinar a célebre declaração de «repúdio activo do comunismo e de todas as ideias subversivas» que o fascismo impunha aos que queriam seguir a carreira de funcionário público, mas Lopes-Graça recusa-se terminantemente a subscrever o documento. Em consequência da sua verticalidade de convicções nem sequer chega tomar posse do cargo para o qual havia sido convidado.
O fim da II Grande Guerra Mundial, as greves e lutas que abalavam o fascismo em Portugal revigoram a esperança do povo no derrube da ditadura. Em 1945 surge o Movimento de Unidade Democrática (MUD) e Lopes-Graça figura entre os membros da sua direcção.
O MUD é o pretexto para fundar o Coro do Grupo Dramático Lisbonense, embrião do que mais tarde viria a ser o Coro da Academia de Amadores de Música. Através do grupo leva a todo o País as Canções Heróicas, composições que elabora na base de poemas de conhecidos autores portugueses. Em volta delas une-se o povo animado com a luta. Em torno do MUD e da sua capacidade político-cultural, legal e semi-legal, reúnem-se círculos de trabalhadores, estudantes e intelectuais. O Movimento lança sementes que frutificam e perduram por toda a década de 50, mesmo no quadro do recrudescimento da repressão.
As Heróicas são hinos à insubmissão e por isso proibidas pelo fascismo. O seu obreiro e percursor volta a ser alvo particular da fúria da ditadura. Ao compositor e já militante comunista são retirados, em meados dos anos 50, os direitos de autor, o diploma de professor do Ensino Particular e a possibilidade de ensinar e frequentar a Academia de Amadores de Música. As suas composições são censuradas do repertório das orquestras nacionais. O regime não permite, não tolera qualquer espécie de acorde dissonante da linha oficial e as obras de Lopes-Graça não se enquadram no espírito do fascismo português. Outros farão carreira nesse trilho.
Da sua obra consta uma vasta gama de composições, entre as quais se destacam as harmonizações de canções tradicionais portuguesas. A salvaguarda do património cultural e de transformação cerzido por gerações de trabalhadores está no topo das preocupações de Lopes-Graça quando pesquisa e labuta sobre a música tradicional e a canção popular portuguesa, quando foca a sua atenção sobre as melopeias entoadas colectivamente nos campos ainda pejados de assalariados rurais votados à miséria pelo sistema vigente.
O contacto com o etnomusicólogo Michel Giacometti, em finais da década de 50, inicia uma relação que perdurará no tempo. Ambos rejeitam a «folcorização» da cultura popular portuguesa modelada a gosto do Secretariado Nacional de Informação fascista. Juntos percorrem a raiz da música popular e tradicional. Região atrás de região, comunidade a comunidade desvendam os seus mistérios e segredos, descodificam e explicam as respectivas fundações, tornam-na inteligível, indicam o objecto de estudo e fruição e, simultaneamente, de consciência, não de alienação. Em 1960 editam o primeiro volume da colecção «Antologia da Música Regional Portuguesa». Em 1981, 21 anos depois, já em liberdade, está nas bancas o «Cancioneiro Popular Português».
Da revolução à memória
A revolução de Abril de 1974, a conquista da liberdade política, económica, social e cultural, a construção de uma sociedade nova liberta da opressão capitalista movem o empenho de Lopes-Graça.
No decurso do período revolucionário dá o melhor de si mesmo assumindo a conduta exigida a um militante comunista no calor da luta: juntar mais um braço. É presença notada na Festa do Avante! desde a sua primeira edição, visita com o Coro da Academia de Amadores de Música os campos onde quem trabalha já é dono dos frutos que deita à terra. Apoia energicamente a Reforma Agrária e a participação dos trabalhadores na condução de um destino do qual se sentem soberanos.
Nas colectividades, nas manifestações, nos comícios e iniciativas promovidas pelo PCP, onde for preciso, Lopes-Graça leva a música que é a voz e a expressão da vontade de um povo inteiro. Quando a contra-revolução ganha força e se volta a apossar do poder, Lopes-Graça não se resigna e defende Abril e as suas conquistas.
Prossegue o seu trabalho sobre a música popular portuguesa, realiza concertos e elabora composições das quais se destacam o «Requiem para as vítimas do fascismo em Portugal», as «Sete predicações de “Os Lusíadas”», o bailado «Dançares» ou a peça composta por ocasião do 80.º aniversário de Álvaro Cunhal.
A última intervenção pública do maestro Fernando Lopes-Graça sintetiza bem o compromisso de uma vida e os valores firmes que a nortearam. Militante comunista durante quase meio século, quadro consciente e dedicado nos bons momentos e nos momentos menos bons do Partido e da luta onde sempre militou confiante, Lopes-Graça apresenta, no Centro de Trabalho Vitória, em 1994, em primeira audição absoluta uma peça para piano intitulada «Preito à Memória de Francisco Miguel, uma vida heróica», trabalho através do qual homenageia os «nossos queridos mortos» e saúda quem combate e resiste, quem infatigavelmente transporta a chama viva de uma sociedade com futuro, uma sociedade sem classes. É o reconhecimento de todos os que, como o próprio compositor, persistem em afinar notas contra a exploração.